Consolida-se entre os especialistas em todo mundo, que a utilização da Ressonância Magnética mamária (RMM) com meio de contraste paramagnético é uma importante ferramenta na detecção precoce do câncer de mama, na melhor avaliação da extensão da lesão, localização espacial na mama e no adequado o planejamento terapêutico.
É indispensável também nos casos inconclusivos em que os limites da mamografia e ultrassom foram alcançados, como em suspeitas de recidiva em mamas operadas e irradiadas e linfonodos loco - regionais metastáticos, e na avaliação da resposta de alguns tumores que são submetidos à quimioterapia neo-adjuvante.
Tudo isso tem um único norte: melhores resultados terapêuticos, cirúrgicos ou não, e, sobretudo, na redução de mortalidade.
Embora todos reconheçam as dificuldades e, em nosso País, o problema é ainda mais grave, pois, tem o aspecto econômico, muito se havia discutido na indicação da RMM como método de rastreamento do câncer de mama. Alguns especialistas arriscavam driblar os convênios, mas a dúvida que os índices de baixa especificidade soavam com assombro a cada área de impregnação anômala encontrada.
Estudos realizados em Atlanta nos Estados Unidos, pela Sociedade Americana de Câncer culminaram em um protocolo que mostra com evidências sólidas e baseadas em estudos científicos padronizados e controladas que a RM é uma ferramenta útil para o rastreamento de câncer de mama juntamente com a mamografia, anualmente, em pacientes categorizadas como “de alto risco para o câncer mamário”.
Os critérios foram bem estabelecidos e estabelecem que mulheres com alto risco devem iniciar o seu rastreamento anual com RMM a partir dos 30 anos ou 5 a 10 anos antes da idade desenvolvida pelo familiar. A maioria dos trabalhos utilizados mostra uma alta sensibilidade da RM na detecção do câncer invasivo para o grupo de mulheres com alto risco, em torno de 71 a 100% em comparação com o método mamográfico tradicional que é de 16 a 40%, o que já era sabido por outros estudos vastamente difundidos.
O que foi decisivo para que o método fosse eleito como ferramenta de rastreamento foi a sua especificidade que também ficou com altas taxas de 81 a 99% para a RM semelhante às taxas vistas pela mamografia que é de 93 a 99%.
Os estudos mostram, também, que existem mulheres que são consideradas como grupo de incerteza, onde não há dados da literatura que confirmem que o rastreamento de mama é benéfico. Neste grupo estão incluídas mulheres com mamas heterogênea ou extremamente densas pela mamografia e com história pregressa pessoal de câncer de mama tais como carcinoma in situ (ductal ou lobular), hiperplasia atípica (ductal ou lobular), e risco de desenvolver câncer de mama ao longo da vida entre 15 a 20%. Para este grupo a decisão deve ser criteriosa e tomada pelo médico da paciente avaliando os demais parâmetros clínicos, mamográfico e ultrassonográfico.
Fig. 1 – Paciente de 48 anos com nódulo redondo e circunscrito com curva cinética de realce tipo 3.
Fig. 2 – Imagem de implante mamário por ressonância magnética.
No final de 2008, Lee e colaboradores publicaram resultados que envolviam taxas que interferem no prógnóstico dos tumores de mama em três grupos de pacientes que foram submetidas ao rastreamento anual com as seguintes estratégias: mamografia isolada, ressonância magnética isolada e mamografia e RM em conjunto. Utilizando uma ferramenta estatística baseada em modelo de Markov conclui-se uma tímida, porém significativa, redução na mortalidade de 454 para 426 naquele grupo que realizou rastreamento com RM e mamografia. Este foi um primeiro dado científico que nos dá ânimo de que estamos no caminho certo ao norte.
Dr. Flávio Caldos
Médico Radiologista - Centro Radiológico Campinas.
Hospital Vera Cruz, Campinas.
Fonte: CRC NEWS – Informativo do Centro Radiológico Campinas – ANO I – Nº 3 – JULHO/SETEMBRO 2009