A Medicina Fetal, uma das mais novas e promissoras especialidades médicas, mostra-se cada vez mais eficiente e consolida-se como importante recurso no atendimento à gestante e ao feto.
O Centro Radiológico Campinas, valorizando a importância desta área da medicina, abriu espaço em sua sede, na Rua Andrade Neves e no Hospital Vera Cruz, para um Setor de Medicina Fetal, que tem a frente os Drs. Fábio Peralta e Aline Girotto Ricci. Nesta edição, Dr. Fábio fala ao CRC News sobre as inovações ocorridas no setor e as possibilidades que se abrem para um grande número de gestantes: “por muitos anos, a Medicina Fetal teve como principal objetivo o diagnóstico das malformações fetais, por meio da ultrassonografia. Quando uma enfermidade era diagnosticada, nenhuma intervenção era realizada para resolver o problema. Principalmente nos últimos 15 anos, esta situação tem mudado: uma grande evolução tecnológica ocorrida nos métodos de imagem tornou possível o diagnóstico mais eficiente e permitiu que o tratamento de algumas doenças fetais se transformasse em realidade”. Para o Dr. Fábio Peralta, “esse progresso tem sido recebido com muito entusiasmo, sendo que o leque de enfermidades fetais é muito grande. Sabemos que 2 a 4% dos recém-nascidos apresentam algum tipo de malformação ou doença congênita. E com o aumento dos casos de reprodução assistida, que resultam em grande número de gestações gemelares, as adversidades durante a gravidez podem aumentar. Estes aspectos, por si, justificam a necessidade da participação do fetólogo (especialista em Medicina Fetal) no acompanhamento da gravidez e de se ampliar a aplicação de técnicas inovadoras nesta área”, explica o médico.
Quanto à estrutura do Centro Radiológico Campinas – Vera Cruz, o fetólogo lembra que, com exceção das intervenções no coração, todos os procedimentos existentes na atualidade são realizados no CRC.
Hoje em dia, o tratamento dos problemas fetais pode ser feito de várias formas, desde a administração de um medicamento para a mãe, que o passará para o feto através da placenta, até por procedimentos complexos como cirurgias realizadas no feto por meio de aberturas no útero ou com a utilização de câmeras de vídeo. “Atualmente, com os recursos tecnológicos disponíveis e com equipes capacitadas como a do CRC – Hospital Vera Cruz, é possível que inúmeras intervenções sejam realizadas para melhorar a chance de sobrevida do feto após o nascimento. Nós temos participado do desbravamento dos campos da terapêutica fetal em nosso país e os resultados alcançados até o momento têm sido satisfatórios. Com isso, certas condições que representavam alto grau de mortalidade, hoje são tratadas com mais facilidade. É o caso, por exemplo, da transfusão feto-fetal, condição apresentada por alguns gêmeos que compartilham a mesma placenta. Antigamente, essa complicação representava mortalidade de pelo menos um dos bebês em 90% dos casos. Hoje, com a cirurgia endoscópica intra-útero com laser, a sobrevida de pelo menos um dos gêmeos chega a 80%”, comemora o médico.
Infra-estrutura e equipe
Embora o desenvolvimento da área tenha acontecido em ritmo acelerado, o Dr. Fábio Peralta comenta que as intervenções fetais são sempre procedimentos delicados, que devem ser realizados somente após indicações precisas e em locais equipados com a infra-estrutura necessária. “Esta recomendação é especialmente válida para os casos de cardiopatia fetal, pois o procedimento cardíaco é altamente complexo. Para se ter uma idéia, há só dois centros que executam essa técnica no mundo. Um dica localizado em Boston e o outro é o da nossa equipe, que também atua no Hospital do Coração de São - Paulo, podendo beneficiar os pacientes do complexo CRC – Vera Cruz. Tratam-se de técnicas que ainda estão em fase de avaliação e aprimoramento. Os resultados ainda precisam ser acompanhados”, esclarece o médico.
Quanto à estrutura do Centro Radiológico e do Hospital Vera Cruz, o fetólogo lembra que, com exceção das intervenções no coração, todos os demais procedimentos existentes na atualidade para o tratamento fetal podem ser realizados. “Dispomos, hoje, de toda tecnologia e pessoal treinado para o tratamento das doenças fetais, não deixando nada a desejar aos melhores centros de países desenvolvidos”.
A trajetória de sucesso que a especialidade tem alcançado no CRC – Vera Cruz é resultado de uma equipe multidisciplinar altamente qualificada. É o que o Dr. Fábio faz questão de ressaltar: “A equipe toda é responsável pelo bom andamento da área e muitos integrantes são de importância impar para o sucesso dos procedimentos. A Dra. Aline Girotto, por exemplo, é especialista na área e foi a pioneira do grupo, tendo estabelecido a organização inicial do projeto. A Dra. Patrícia Prando e o Dr. Marcos Marins são responsáveis pela Ressonância Magnética Fetal, que, em conjunto com a ultrassonografia, tem ajudado a refinar o diagnóstico de algumas malformações”.
Para finalizar, o especialista falou sobre a importância da ultrassonografia e sobre o futuro da especialidade: “Os recentes avanços na área de ultrassonografia têm sido incorporados de forma indispensável na Medicina Fetal. Um exemplo é o recurso da ultrassonografia tridimensional, que nos tem ajudado no diagnóstico e no acompanhamento de alguns casos de malformações fetais. E, apesar de toda a evolução que já existe, o mais empolgante é pensar que a Medicina fetal está apenas engatinhando. Tudo o que estamos vendo é só o começo, porque o desenvolvimento tecnológico na ultrassonografia e nos equipamentos usados para terapêutica intra-útero estão se desenvolvendo rapidamente”.
Tido como um dos mais respeitados especialistas da área, o Dr. Fábio Peralta é graduado em Medicina pela Universidade de São – Paulo (USP), Campus Ribeirão Preto, instituição na qual também realizou residência em Ginecologia e Obstetrícia. Sua especialização em Medicina fetal aconteceu através de mestrado e doutorado pela Universidade de São – Paulo e no pós-doutorado realizado em Londres e na Bélgica.
Atualmente, além de atuar no Centro radiológico Campinas – Hospital Vera Cruz, o Dr. Fábio Peralta é Professor da pós-graduação na Unicamp, responsável pelos setores de Medicina Fetal do Centro de Treinamento em Ultrassonografia de São – Paulo (Cetrus) e do Hospital do Coração de São – Paulo.
Fonte: CRC NEWS – Informativo do Centro Radiológico Campinas – ANO I – Nº 2 – ABRIL/JUNHO 2009